Negócios em Pauta: Debate sobre oportunidades a partir de erros marca último workshop do ano
20 de Dezembro de 2018
"Quando a gente enxerga o erro como algo positivo?". A provocação da psicóloga e professora da Univates, Elisângela Mara Zanelatto, foi uma das muitas reflexões propostas durante a última edição do ano do projeto Negócios em Pauta na noite desta quarta-feira (19). Realizado no Parque Histórico de Lajeado, o painel abordou como empreender e criar oportunidades a partir dos erros e contou ainda com a participação do diretor da Locatelli Mármores e Granitos, Géferson Locatelli, e do diretor administrativo e de negócios da Interact Solutions, Fábio Frey.
Elisângela descreveu que o erro sempre vem acompanhado de medo e autopunição, fato influenciado pelos processos antigos e ultrapassados de aprendizagem, nos quais as falhas são condenadas e pensamentos inovadores podados para que se enquadrem em um padrão de normalidade. Nos entanto, esses momentos deveriam ser vistos como os mais adequados para pensar e organizar o que precisa ser feito quando as coisas não saem como deveriam ou como foram planejadas. "Vejo dificuldades de se encarar o erro como uma possibilidade de criação", observou a psicóloga. Para ela, o maior desafio está na aceitação de que não existe uma única forma de se fazer as coisas: "Ainda vivemos em um modelo mental muito padronizado, do certo e do errado, quando na verdade, para que a gente possa crescer de forma saudável, ser feliz e empreender dessa maneira, o nosso modelo mental precisa ser mais flexível".
Segundo Elisângela, o mundo cobra perfeição e alto rendimento o tempo inteiro e não admite erros, mas deve haver equilíbrio e cautela, visto que o excesso de medo leva à estagnação e a ausência dele expõe a situações arriscadas e complexas. Na sua avaliação, o erro é uma das facetas em que a aprendizagem pode acontecer e exige uma visão sistêmica para que se reconheça onde é necessário intervir. "A gente só se torna criativo quando somos expostos a situações-problema", reconheceu. Por isso a necessidade de se adotar uma política de valorização do capital humano, construindo uma cultura em que, caso o erro aconteça, ele seja avaliado como possibilidade de melhoria e não como autopunição e identificação de culpados.
A psicóloga ainda alertou que modelos de negócios diferentes só são possíveis quando se deixa o medo de lado e se abre espaço para a coragem, o que justifica a carência por profissionais criativos e ousados. De acordo com ela, nós, seremos humanos, precisamos cada vez mais desenvolver o que ela chama de QE, ou coeficiente emocional, porque nunca seremos completos e perfeitos. "É por isso que a vida tem graça", considerou. Em suas palavras finais, Elisângela desejou: "Que possamos olhar para nosso erro, para aquilo que nos dá medo, e pensar em quão flexíveis e resilientes nós precisamos ser para sairmos de forma mais saudável dos nossos dias de trabalho, e para que a gente possa fazer com que a criatividade tenha um espaço na nossa agenda".
Inaceitável
Ao relatar as atividades de pesquisa e desenvolvimento de softwares da Interact, Frey explicou se tratar de um setor no qual erros são inaceitáveis, especialmente quando relacionado a sistemas para a saúde. Dessa forma, a empresa adota controles e formalidades para garantir a assertividade e minimizar as chances de falha, sendo que o principal recurso é o aprendizado constante. "A imprudência, a negligência e a imperícia fazem com que o erro aconteça", esclareceu.
Aprendizado
Locatelli revelou que o medo de repetir erros do passado o levou a abrir seu próprio negócio e que a experiência adquirida com as falhas garantiu o maior diferencial de sua empresa. Preocupado com a preservação ambiental de suas atividades, ele estudou e buscou formas de oferecer aos clientes produtos sustentáveis e de qualidade, implantando mecanismos para diminuir erros e controlar o impacto deles na lucratividade. Hoje sua equipe trabalha de forma criativa e eficiente e seu único medo está nos obstáculos diários impostos pelo mercado e pela concorrência. Afirmando não ter receio de arriscar, o administrador apontou: "A gente é desafiado a errar. Com esses erros temos que aprender e saber mensurar o quanto ele representa no nosso negócio".
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