Negócios em Pauta: Primeiro ciclo de workshops encerra debatendo a quebra de paradigmas
18 de Janeiro de 2018
Atuando há dois anos como diretora-presidente da Companhia Minuano de Alimentos, Margareth Schacht Herrmann foi a convidada que fechou o primeiro ano de workshops do projeto Negócios em Pauta nesta quarta-feira (17), em Lajeado. Em seu 12º encontro, o evento realizado na sede do Sincovat promoveu uma reflexão sobre a necessidade de reinvenção e construção de novos modelos nas organizações através do tema "Quebra de paradigmas para um novo ciclo de negócios".
Ao apresentar um breve histórico da empresa lajeadense do ramo avícola fundada em 1946 e que hoje conta com cerca de 2,4 mil funcionários, Margareth esclareceu que um paradigma é um padrão determinado de como agir em alguma situação. Diante da velocidade das mudanças em todas as esferas e da busca contínua de melhorias em processos e formatos, muitos desses modelos acabam sendo revistos, podendo ser amadurecidos, adaptados ou customizados. No entanto, a quebra de paradigma é uma ação mais impactante e envolve o questionamento de conceitos prontos. "A gente não precisa aceitar o formato que vem se não concordamos ou se temos uma ideia melhor sobre o assunto", afirmou. Segundo ela, o rompimento desses modelos pré-estabelecidos inicia com a identificação de necessidades não atendidas pelos velhos padrões e pela busca por formas de supri-las, dando origem a novos paradigmas que precisam ser aceitos e consolidados pelos envolvidos.
A diretora relatou que ao longo da trajetória da Minuano muitos modelos foram quebrados e outros tiveram que ser criados para garantir a sobrevivência da companhia, destacando como mais relevantes a alteração de atividade e a mudança na composição acionária com a entrada de investidores externos. Para ela, a maior e mais significativa ruptura ocorreu na gestão de pessoas, a qual passou a integrar todos os funcionários e fazer com que eles participassem da administração das atividades, o que influenciou todas as áreas, contribuindo para o andamento de processos e auxiliando na resolução de problemas. Apesar dos conflitos iniciais e da forte resistência aos novos padrões, a prática de dar voz à equipe gerou bons frutos, pois as decisões coletivas diminuíram os erros e revelaram novos talentos e lideranças. A gestora reconheceu que muitos paradigmas ainda precisam ser quebrados no futuro, mas se revelou confiante no trabalho desenvolvido até o momento e nos profissionais que o desempenham. "Estruturando união e confiança mútua entre a equipe, as pessoas vão ter coragem de quebrar paradigmas", projetou.
Debate
Prefeito de Santa Clara do Sul, Paulo Kohlrausch foi um dos debatedores da noite e expôs as dificuldades para garantir a eficiência e eficácia da gestão pública diante do engessamento do sistema e da falta de autonomia gerada pela burocracia. Em sua avaliação, a área de recursos humanos é uma das principais de uma organização, pois é a responsável por recrutar os melhores profissionais para empresa, o que não ocorre no setor público, o qual depende de concursos e não consegue avaliar a competência e o caráter dos futuros contratados. E é nesse ponto que reside o maior paradigma do governo: abandonar velhos conceitos e encontrar formas de desenvolver profissionais maduros, com espírito de liderança e comprometidos com a função que desempenham. "Não podemos querer ter bons resultados fazendo coisas fáceis", admitiu.
Também integrando o painel, o presidente do Sescon-RS, Diogo Chamum, compartilhou as ações desenvolvidas pela instituição para acabar com o preconceito que envolve as atividades de um sindicato. Ao rever posicionamento, comunicação e atuação, a entidade conquistou o mercado, empenhando-se na defesa dos interesses de seus associados, da classe contábil e de toda a sociedade. O dirigente considerou de extrema importância o rompimento de velhos paradigmas e comentou que a evolução das organizações e dos profissionais passa, necessariamente, pela transformação tecnológica.
Para os debatedores, paradigmas que abrangem a implantação de sistemas de informações gerenciais, melhoria da gestão financeira e o envolvimento da equipe nas tomadas de decisão são os que mais precisam de atenção. Outro que deve ser rompido é o que envolve a gestão de micro e pequenas empresas, pois a profissionalização da administração é necessária independentemente do porte. Para Chamun, isso passa pelo convencimento dos empresários de que técnicas e modelos de gestão trazem benefícios para o negócio e resultado para o bolso. Kohlrausch complementou que a necessidade da busca pelo conhecimento pode movimentar e acelerar sua implantação. Margareth concluiu: "A gente precisa pensar em coisas diferentes. Se a gente continuar fazendo sempre as mesmas coisas, vamos atingir os mesmos resultados".
O projeto
O Negócios em Pauta é uma realização do Sincovat e Jornal A Hora e foi criado com o intuito de instigar debates sobre gestão e empreendedorismo, promovendo a qualificação e o desenvolvimento da classe empresarial da região. Iniciado em fevereiro de 2017, o projeto ofereceu 12 workshops mensais em diferentes cidades abrangidas polo sindicato, abordando temas como planejamento estratégico, recursos humanos, marketing, educação financeira e fidelização, entre outros. Também integrou a programação o Fórum Estadual Gestão e Empreendedorismo, realizado em setembro na Univates. Esse primeiro ciclo de debates teve o apoio de Sescon-RS, Univates/Crie, Sebrae, Capital Verde, Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) Vale do Taquari e Governo de Lajeado. Uma nova fase já está confirmada e deve iniciar no próximo mês, cujas informações mais detalhadas serão divulgadas em breve.
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